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Autoria | Carlos Manuel Fernandes Pereira
Criado em | Novembro 2015
Estilo poético | Sonetos
I
Cobre-te um céu de prata e cristal
manto de anil cravado de estrelas,
cansada do dia, dormes ao vê-las.
Repousa serena, ninguém te faz mal.
Guardam-te serras, altivas, perenes,
torres erguidas em pedras lavradas
penhas agrestes sempre acordadas
vigiam teu sono, atentas, solenes.
Águas murmuram um suave rumor,
a brisa entoa uma canção antiga,
envolve-te a neve num pálido alvor.
Descansa esta noite da tua fadiga,
acalma, sossega, no berço de amor.
Estrela da serra, menina Loriga.
II
Sussurram ao longe os verdes pinheiros.
Junta-se ao coro a voz dos ribeiros.
Cantam unidos um meigo acalanto,
e sonhas feliz com lendas de espanto:
"A princesa moura que a urna deixou,
procura nos montes quem a matou;
A donzela formosa de face rosada,
espera o pastor na fraga encantada."
Enquanto dormes no topo do mundo,
serás tu aquela dos contos e mitos?
Serás tu a moça dos olhos bonitos?
Dorme tranquila o sono profundo,
até que suba o sol e por fim te diga:
"Agora desperta, menina Loriga!"
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Comentários a este poema
As "lendas de espanto" com que a "menina Loriga" sonha, conforme referido na segunda quadra do segundo soneto, são descritas nos seguintes artigos:
Carlos Pereira