ÍNDICE • António Ambrósio de Pina « anterior | |
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António Augusto Moura nasceu no dia 16 de Fevereiro de 1895, sendo filho de Francisco Augusto e de Maria Benedita Luiz de Moura. Nasceu na vizinha localidade de Lapa dos Dinheiros, no entanto, considerava-se como que fosse em Loriga que tivesse nascido.
Notabilizou-se na arte da marcenaria, seguindo a profissão de seu pai. O "Ti Moura" ou "Ti António da Lapa", como era conhecido, era considerado como o melhor marceneiro do distrito da Guarda. Ficaram famosos os trabalhos em madeira feitos na Igreja Paroquial de Loriga, no solar do Conde de Valezim e em muitas casas senhoriais e outras.
Foi um dos combatentes loriguenses na Primeira Grande Guerra (1914-1918). Ficaram célebres os seus dotes de combatente na famosa Batalha de La Lys, que o levaram a ser considerado um herói. Foi condecorado com três Cruzes de Guerra, e delas muitas vezes falava orgulhosamente. Chegou a ser gazeado quando as tropas alemãs tentaram por todos os meios levar de vencida os resistentes nas trincheiras. Isso veio a afectá-lo psicologicamente para o resto da sua vida. Foram talvez essas mazelas da guerra, que tornaram problemática a sua personalidade, nomeadamente no meio familiar. Ficou ainda mais abalado com o rude golpe do falecimento da sua única filha Albertina, por motivo de acidente de viação. Na altura o seu relacionamento com ela não parecia ser o melhor, por ele nunca ter aceitado que a sua filha sonhasse e estivesse a enveredar por uma carreira de actriz, numa época em que as actrizes não tinham boa fama.
Era um homem alto e elegante, conversador nato, principalmente quando puxavam por ele para contar as suas façanhas na guerra e por terras de França. No meio lá ia metendo uma ou outra palavra em francês que ainda tinha na memória.
Foi tendo uma vida de altos e baixos muitas das vezes sem grandes ambições. Figura carismática e emblemática de Loriga, mas a sua maneira de ser o tornavam também muito reservado e muito senhor de si próprio. Vivia numa das mais cimeiras casas do Bairro Engenheiro Saraiva e Sousa, lá bem no alto de Loriga. Mesmo já velho e cansado era vê-lo com regularidade a descer ao centro da vila, sempre de boina basca e a chupar um rebuçado. E, quando de regresso a casa, entrava em todos os cafés e nalgumas tabernas para beber o seu copito de vinho ou aguardente, sendo a última etapa a taberna "O Vicente".
Faleceu no dia 23 de Dezembro de 1980 e ficou na memória dos loriguenses, uma personalidade que viveu a Primeira Guerra Mundial por dentro. Loriga viu assim partir um herói de guerra, com 85 anos de idade, sendo sepultado no cemitério de Loriga.
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